31 março 2007

SALMO DE UM PEÃO

Deus nosso Senhor, sejas Tu reconhecido
Como o Soberano Patrão de todos os pagos.
No meu gauderiar, na minha lida,
Por mais entrevero que seja minha vida,
Hei de reconhecê-lo, Senhor,
Como meu único sinuelo.
Talvez venha por aí algum índio maleva,
Destes metido a patrão,
Que por força ou condição
Queira de ti me apartar.
Mas eu firmo a minha crença
E, de pronto, alardeio minha decisão:
- Como um taura, Cristo morreu por mim,
E eu, como um guapo cristão, sou Dele até o fim!
Eu reconheço, Senhor,
Tu criaste todo o pampa e toda a bicharada;
Também criaste o céu onde voa o ximango e o quero-quero,
E a lua, que se mostra pachola nos rios, na madrugada.
Não há nada que tu não possas fazer.
Tu abres os olhos do cego
E aprumas o andar do rengo,
E até o doente moribundo tu sabes fortalecer.
Tu, oh Deus, cuidas do guri que nasceu guacho,
E dá esperança pro mais acabado borracho.
Tu, oh Deus, ampara a mãe que ficou sem seu marido,
E consola aquele que anda triste e aquele que está ferido.
Obrigado Soberano Patrão
Porque a tua estância é o mundo;
A tua tropa são todos os que crêem em ti,
E a tua campereada é para sempre.
Amém.
Vinicius Silva de Lima